A partir de uma postura fenomenológica, posso afirmar com tranquilidade 3 alertas para saber se um Psicólogo é bom:

1. Terapeuta fala mais que o cliente. Isso mostra que o terapeuta NÃO OUVIU, e desse modo, não poderá te ajudar... O bom psicólogo escuta com atenção, paciência, sem pressa e está aberto aos sentidos que o próprio paciente atribui às suas experiências;
2. O terapeuta, após você conversar sobre suas questões, passa a discorrer sobre CAUSAS e EXPLICAÇÕES para seu modo de ser, agir e estar...  Fique atento! O que cura no processo psicoterápico é o modo como o paciente é afetado pelo seu modo de ser e, comumente, as explicações afastam o paciente do seu sentir;
3. O terapeuta fala muito de si, usa suas próprias experiências como referências e modelos a serem seguidos. Esta postura não contribui para o processo de autoconhecimento de si e, muitas vezes, trazem sensação de desamparo e inadequação. 

Terapia é o único espaço em que você terá a oportunidade de olhar para si mesmo sem ser julgado. É um espaço privilegiado para compartilhar angústias, medos, projetos, realizações e muitos outros com total confiança e com um profissional qualificado para te escutar e compreender o que te aflige. Nesse sentido, nenhuma outra atividade substitui a Psicoterapia.

Muitas vezes sou questionada se atividade física, tocar um instrumento, meditar entre outras atividades não substituem a terapia... posso te garantir que não! O espaço terapêutico é o único em que você contará com a presença de um profissional capacitado, com uma escuta aguçada e sensível para aprofundar o conhecimento de si mesmo, encorajando-o a se deparar com sua sombra a fim de trazer mais luz para sua vida.

Todas as outras atividades podem trazer alívio aos sintomas, mas não os tratam!

A Fenomenologia, antes de tudo, é um método. Método utilizado para conhecer as coisas tal como elas se mostram. Antes mesmo das primeiras escolas em Psicologia, a fenomenologia era utilizada para caracterizar e compreender o HUMANO.

Husserl desenvolveu sua fenomenologia ao conceituar a ideia de CONSCIÊNCIA INTENCIONAL. Este conceito filosófico remete a noção de que o SUJEITO QUE PERCEBE e o OBJETO PERCEBIDO são INDISSOCIÁVEIS, ou seja, não há uma separação entre sujeito e objeto como a ciência cartesiana nos levava a acreditar.

Assim, foi-se postulado que não há um mundo a priori no qual o homem habita e nem um homem em si, que chega num mundo já dado. Homem e mundo se constituem mutualmente.

Porém para poder compreender o Outro seria necessária uma atitude conhecida como EPOCHÈ, ou seja, a suspensão de valores e ideias prévias para se acessar o FENÔMENO que se revela, tal como se revela, a cada momento.

Após Husserl, Martin Heidegger (1889 – 1976), conhecido como filosofo da existência, continuava a pesquisar a especificidade da Natureza Humana e chegou na concepção de que o Ser Humano é o único ser vivo que sabe que vai morrer, mas não sabe quando. Fundando assim, a angústia existencial presente em todo e qualquer Ser Humano. Suas ideias foram inicialmente organizadas na obra SER E TEMPO de 1927.

Saindo do campo da filosofia e se voltando para a área da Psicologia, temos a figura de Binswanger (1881-1966), psiquiatra suíço que primeiro introduziu a fenomenologia-existencial para compreensão dos fenômenos psíquicos. Ele trabalhou e estudou com figuras importantes da sua época, como Eugen Bleuler, Carl Jung e o próprio Freud.

Temos também a Daseinsanalyse desenvolvida por Medard Boss (1903 – 1990), a partir de 1959 sob supervisão do filósofo alemão Martin Heidegger.